sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Capítulo Quinze.

(Feliz Natal leitoras! Felicidades, saúde, muito amor, dinheiro e que continuem a ler meu blog! HIHI Presente de Final de Ano, hein (: )


No final, chegamos atrasadas na escola. Os portões já estavam fechados – o que significa que precisamos hm, pulá-los. A professora de literatura nem nos viu entrar sorrateiramente pela porta depois que o segundo sinal bateu. Afinal, éramos mestras nisso.
Durante todas as horas de aula, bloqueei qualquer tipo de pensamento fora do que se tratava na aula. Prestei atenção em todas elas.
Jurei à mim mesma nunca mais criar as barreiras contra o passado novamente. Eu queria lembrá-lo agora, claro que queria. Apenas aprenderia a lidar com ele, lidar com a realidade que ele me deixara sozinha no mundo. E mesmo que isso doesse, que isso criasse buracos, crateras em meu peito, eu ia aprender. Eu ia superar. Não ia deixar que o tempo trabalhasse nisso – ele nunca faria o serviço completo.
Depois das aulas, continuei com minha rotina – vagar pelas ruas de uma Nova York que nunca parou. O mar de rostos desconhecidos, correndo atrás de algo indecifrável para mim, e saber que cada um tem uma opinião, um jeito de ver as coisas, um gosto em particular... Aquilo me fascinava.
No meio dos olhos perdidos pelas ruas, eu os vi. Um par de olhos verdes, como esmeraldas.
E foi como um choque para voltar à realidade.
Dançar!
Na mesma fração de segundo, eu estava correndo. Minhas pernas acharam forças sobrenaturais e puseram-se em movimento em um estalo mental. Lá estava eu, ultrapassando sinais, quase sendo atropelada, xingada por Nova York inteira como idiota, atrás de apenas uma porta.
Quando entrei na 5th Avenue, minha respiração em arquejos não importava. Eu apenas corri mais. Porque eu sabia, ah eu sabia... Precisava apenas de um vislumbre de seus olhos, um toque embalado com o tango moderno das caixas de som daquele cômodo empoeirado e amarelado. Eu precisava apenas de uma dança, e seria salva.
A porta, por incrível que pareça, apareceu em meu campo de visão mais rápido do que esperava. Empurrei-a com toda a força da adrenalina em minhas veias, a fazendo oscilar. Subi as escadas sem fôlego. Rick, Rick, Rick!
Estava vazio.
Olhei para os lados, tentando fazer com que minha respiração voltasse ao normal. Não havia ninguém ali. Ninguém. As paredes pareciam feias de repente, as janelas sujas, a madeira gasta. Meus olhos não queriam acreditar na horrível realidade nula daquele lugar.
Como se a adrenalina, de repente, fosse cortada do sistema, meus joelhos desabaram no chão de madeira liso. Eu queria chorar, queria chorar muito.
Por que estou destinada a nunca ter alguém?
Minhas mãos, imperceptivelmente cobriram meus olhos, e as lágrimas vieram mais uma vez. Eu estava no meio do salão de dança, ajoelhada, chorando como um bebê. Dentro de mim, clamava por ele.
Ele.
Quem diabos era ele? Rick? ...Matt?
Não seria mais fácil ele nunca ter me deixado? Não seria mais fácil ele apenas ter terminado comigo? Por que precisava desaparecer?
...Por quê?
Agora as lágrimas vinham e eu não sabia o porquê delas. Eu só precisava chorar.
E então eu senti. Duas mãos, segurando meus braços, abaixando-os. Mãos quentes. Quentes e grandes. Acolhedoras.
Meu olhar voltou-se para cima e me deparei com a visão embaçada para os olhos verdes mais bonitos do universo. Olhos preocupados, hesitantes.
“O que aconteceu, Jane?” sussurrou Rick.
“Eu não sei...”.
“O que ele fez?” piscou demoradamente, com uma raiva secreta no olhar.
“Além de fazer-me lembrar de tudo que passamos juntos? Além de não deixar-me esquecê-lo? Tem algo mais que ele poderia fazer? Ele poderia muito bem nunca ter existido – assim nunca teria que partir e me deixar desse jeito.”
Agora ele me olhava com um grande pesar. Pena de mim.
Estava começando a odiar esses olhares de pena.
Um curto espaço de tempo passou enquanto nos encarava-mos, e então ele crava suas mãos em meus ombros e diz, suavemente, desajeitado de um jeito gentil.
“Aqui, deixe-me te ajudar...”.
Levantou-me e me levou ao sofá de couro. Fiquei tentando lembrar se o ouvira chegar, ou que horas eram, ou desde quando eu ficara ali, chorando. Procurei o foco de meu olhar lentamente, lidando com o peso das pálpebras e vislumbrei o pôr-do-sol alaranjado nas grandes janelas. O sol se despedindo temporariamente de seu reinado.
Ei, espera um pouco.
‘O que ele fez?’
Ele? Que ele?
“Por que me perguntou isso?” disse, encarando-o. “ ‘O que ele fez?’ Nunca te disse nada sobre Matt.”
Quando o olhei, seus olhos eram suaves. Líquidos. Como esmeraldas muito bem polidas, muito bem feitas, muito caras e preciosas. Sorriam.
“Poderia dizer agora.” E um leve sorriso em seus lábios. “Se, obviamente, quiser.”
“Bom...” enxuguei o resto das lágrimas e pensei na possibilidade de falar com ele sobre isso. Eu deveria dizer, deixar claro, não deveria? “Matt fora meu namorado, só que ele sumiu há uns 3 anos. Sumiu mesmo, desapareceu, Puff.”
“...e você ainda gosta dele.” Não era uma pergunta.
“Apenas não consigo esquecê-lo.”
Apenas.
E encarou-me, com um sorriso no rosto.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Capítulo Quatorze.

(gente, eu nem deveria estar postando! estou com um bloqueio total de inspiração. mas odeio deixar vocês esperando. às vezes penso que se esqueceram de mim se eu demorar de mais, mimimi. então aí vai um capítulo um tanto melancólico. love yah <3 )


“Jane? Jane, você está bem?” Uma voz distante, emersa em ecos, me chamava. Não sabia da onde ela vinha, mas era de Sam.
Como em uma piscar de olhos, tudo se tornara diferente, como se não pertencesse à mesma dimensão que as coisas ao meu redor. Tornara-me cega, surda e muda.
Eu estava afundando, caindo gradativamente. Senti dolorosamente o impacto de meus joelhos na calçada. Tinha total consciência das coisas à minha volta agora – os carros no engarrafamento da ponte, buzinando em uma linguagem de batidas imaginárias; Sam tentando fazer com que eu voltasse à superfície; meus joelhos e mãos estendidos na passagem de cimento; as pessoas resmungando contra as garotas paradas no meio do caminho. Mas eu não estava mais ali. Eu não queria estar ali. Nunca mais.
Porque fora naquela ponte que ele me pedira em namoro há três anos – agora completos, dignamente. Que ele, de repente, abaixara a cabeça a ponto de ficar na altura da minha, e pela primeira vez encostara seus lábios nos meus. A primeira vez que eu me senti completa, quando, logo em seguida, pegou minhas mãos e sorriu, enquanto olhávamos o pôr-do-sol.
“É meu aniversário hoje.” Havia dito. Suas palavras sendo levadas pelo vento.
Agitei a cabeça, como se isso tirasse a imagem de minhas pálpebras. Nada mais fazia sentido. Porque eu acreditara fielmente que tinha superado! Eu finalmente encontrara um jeito de viver sem necessitar do passado, sem estar ligada à ele.
Mas a verdade era que eu nunca estaria curada, realmente. Eu precisava dele quando ele nunca precisou de mim, ou até de mais ninguém.
Tentei por tantas vezes, mas tantas vezes me esconder da realidade que esqueci do fato que, quando eu retornasse à ela, nunca deixar-me-ia esquecê-la. Nunca.
O passado nunca se desligaria de mim.
“Jane? Jane?” Sam continuava a me chamar, e onde estava o controle das cordas vocais? Onde estava minha maldita voz quando precisava dela?
Um zumbido não saía de meus ouvidos. As únicas coisas que passavam por meus olhos eram imagens dele – ele sorrindo, ele fazendo uma de suas famosas caretas, ele vivendo ao meu lado.
E foi aí, enquanto revisava cada arquivo de minha memória com ele, que desisti. Fechei meus olhos e contemplei as imagens, as lágrimas quentes escorrendo pelos cantos de meus olhos. Revivi, depois de tanto tempo, a cor quente de seu olhar, o sorriso branco tão perfeito, o cabelo ondulado de um castanho tão escuro. Dei liberdade para a lembrança de sua voz, de seu canto sussurrado em meus ouvidos acompanhado com o violão. Arrepiei quando, quebrando uma das barreiras mais fortes, lembrei de seu toque, suave, infantil muitas vezes, mas quente, febril. Enquanto dançávamos, na maioria das vezes. Era quando seus dedos brincavam com a pele das minhas costas ou com minhas mãos. Tinham sentimento. Necessitavam de mim.
Necessitavam...
De mim...
Agora eu não me importava mais. Tentando tomar uma atitude útil o bastante para respirar, deixei de fingir. Deixei de acreditar que conseguiria recomeçar sem ele.
A saudade te destrói. Retalha, igual a verdade. A verdade de que você sente saudade de alguém que não merece sua atenção dói.
Abri meus olhos e encarei, contra a luz do sol, os cabelos vermelhos de minha melhor amiga, e seu olhar devoto, preocupada, pairando sobre mim.
“Oh Jane...” sussurrou, com um peso enorme em sua voz. Estava com pena. Pena de mim. Seus braços me embalaram.
“Sam... Eu tentei. Eu juro que tentei. Mas ele... mas ele...” eu soluçava compulsivamente. Minha bochecha grudada com seus cabelos, suas mãos tranqüilizando – como sempre – minhas costas. Aquilo tinha efeito. Era como magia.
Sam não fez nada. Só ficou ali, silenciando-me, acalmando meus neurônios com sua acolhedora paciência. Será que algum dia conseguiria devolver todo o amor e carinho que ela havia me dado quando precisei?
Afastei-me dela para olhar seus olhos, e eles sorriam. Eram azuis piscina hoje. Brilhavam como água. Pegou minha mão, e disse apenas uma palavra.
“Vamos.”
E naquele momento deixei-me extasiar com a esperança – só para viver, respirar mais uma vez – que tudo daria certo.